sábado, 17 de novembro de 2018

Mulher Vestida de Gaiola

Linhas finas / Gaiola e Pássaros / Birdcage n' birds • Tattoo Artist: …

Mulher Vestida de Gaiola

Parece que vives sempre
de uma gaiola envolvida,
isenta, numa gaiola,
de uma gaiola vestida,

de uma gaiola, cortada
em tua exata medida
numa matéria isolante:
gaiola-blusa ou camisa.

E assim como tu resides
nessa gaiola, cingida,
o vasto espaço que sobra
de tua gaiola-ilha

é como outra gaiola
igual que o mar: sem medida
e aberto em todos os lados
(menos no que te limita).

Pois nessa gaiola externa
onde tudo tem cabida,
onde cabe Pernambuco
e o resto da geografia,

três bilhões de humanidade
e até canaviais de usina
sei que se debate um pássaro
que a acha pequena ainda.

Tal gaiola para ele
mais do que gaiola é brida;
como cárcere lhe aperta
sua gaiola infinita

e lhe aperta exatamente
por essa parede mínima
em que sua gaiola-mundo
com a tua faz divisa.

Contra essa curta parede
entre ti e ele contígua,
que te defende e para ele
é de força, se é camisa,

todo o dia se debate
a sua força expansiva
(não de pássaro, de enchente,
de enchente do mar de Olinda).

Por que ele a quem sua gaiola
de outros lados não limita,
deseja invadir o espaço
de nada que tu lhe tiras?

por que deseja assaltar
precisamente a área estrita
da gaiola em que resides,
melhor: de que estás vestida?


João Cabral de Melo Neto

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Pássaros e gaiola

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Insight - A vida é um pisca-pisca



Poetas, escritores, filósofos e, sobretudo, religiosos, têm seu conselho em face da morte. Todos nós temos nossa opinião para alguém num momento de enfrentamento de morte. Mas e como nós enfrentamos a vida diante de um caso próximo de morte? 

Fiquei pensando muito sobre isso nesses dias… 

E fiquei pensando muito sobre o que estou fazendo da minha vida.

O poeta Mário Quintana já nos ensinou que não há como falar em morte, em vida, sem falar em tempo. 

É ele, o tempo, o senhor de todos os nossos destinos, é o tempo que escorre entre nossos dedos e nos leva embora a vida, o nosso dever de casa, no poema “Tempo”:


A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado…
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, 
eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho 
a casca dourada e inútil das horas…
Seguraria o amor que está a minha frente 
e diria que eu o amo…
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo 
que, infelizmente, nunca mais voltará.

(Mario Quintana)

E quando se vê, já se está partindo, já se está deixando amigos, amores, familiares, já se está deixando filmes sem ser vistos, livros não lidos, gostos não provados. 
É o tempo, que na mitologia, seus filhos engole sempre. Todos lembram-se de Cronos (que a teus filhos engolia)… E as Parcas? Conhecidas como as Moiras (na Grécia), são três deusas – Nona (Cloto), Décima (Láquesis) e Morta (Átropos) – que determinam o curso da vida humana, decidindo questões como vida e morte, de maneira que nem Júpiter (Zeus) pode contestar suas decisões. Nona tece o fio da vida, Décima cuida de sua extensão e caminho, Morta corta o fio. São também designadas fates, daí o termo fatalidade.

É o tempo que, no romance Os Maias (e nas nossas vidas!), desgasta Alencar, engorda Carlos, encalvece João da Ega, torna grisalho o Taveira, e faz o Craft “avelhado” e doente do fígado. Enfim, desgasta, engorda, encalvece, dissipa, se esvai.

Neste romance, é o tempo também que modifica a atitude das personagens, que traz consigo a recordação de um espaço carregado de objetos que são vestígios dum mundo agora estranho, abandonado, misturado, coberto de pó, com estragos e em meio a sombras, que traduz a destruição de todos os sentimentos, a morte total advinda do tempo. Morte manifesta também na ferrugem verde que cobre a estátua de Vênus, no Jardim, e o pó no retrato de Pedro da Maia. Com isso, um ciclo está fechado, tudo acabou de vez. Ou, nas palavras de Carlos: “Um efeito de conclusão, de absoluto remate”.

O poeta “Boca do Inferno”, Gregório de Matos, também traz uma reflexão sobre a brevidade da vida no soneto a seguir:


Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.

(Gregório de Matos)

Cada tempo tem sua ideia sobre o passar da vida, sobre o chegar da morte. Da Idade Média à contemporaneidade, passando pelo Renascimento e, principalmente pelo Romantismo, a morte está na agenda das discussões.

E volto à reflexão primeira sobre o que faço do meu dever de casa, da vida, breve, que tenho só minha… bem, sigo piscando, tecendo meu rosário de piscadas, como nos ensina Lobato, por meio de Emília, nas suas memórias:


(Emília) –  A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. 
A gente nasce, isto é, começa a piscar. 
Quem pára de piscar chegou ao fim, morreu. 
Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. 
É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais […] 
A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso. 
Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. 
Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, 
pisca e ama, pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos, 
e por fim pisca pela última vez e morre. 
– E depois que morre?, perguntou o Visconde. 
– Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?


A Vida é um Pisca-Pisca

Mitakuye Oyasin - "Tudo está relacionado à existência de todos"




Aho!
 Mitakuye Oyasin!

Todas as minhas relações. 
Tudo está relacionado à existência de todos.
Eu honro vocês neste círculo da vida comigo hoje.  
Eu sou grato por esta oportunidade de reconhecer vocês nessa oração.

 Para o Criador, 
pelo dom supremo da vida, eu agradeço!

 Para a Nação Mineral 
que tem construído e mantido meus ossos 
e todas as fundações de experiência de vida, 
eu agradeço!

 Para a Nação Planta 
que sustenta meus órgãos e o meu corpo 
e me dá ervas para cura das doenças, 
eu agradeço!

 À Nação Animal 
que me alimenta de tua própria carne, 
e oferece sua companhia fiel nesta caminhada da vida, 
eu agradeço!

 Para a Nação Humana 
que compartilha meu caminho como uma alma 
sobre a roda sagrada da vida terrena, 
eu agradeço!

 Para a Nação Espírito 
que me guia invisível através dos altos e baixos da vida 
e para transportar o facho de luz através dos tempos.  
Agradeço a você!

 Aos Quatro Ventos de mudança e crescimento, 
eu agradeço!

"Tudo está relacionado à existência de todos"
Vocês são todos meus parentes, 
meus parentes, sem os quais eu não viveria.  
Nós estamos no círculo da vida em conjunto, 
coexistentes, co-dependentes, co-criamos nosso destino.  
Um não é mais importante que o outro.

Uma nação em desenvolvimento a partir do outro 
e ainda depende de cada um acima e de cada um abaixo. 
Todos nós, uma parte do Grande Mistério.
Obrigado por esta vida.
Obrigado por todas as nossas relações.




sexta-feira, 10 de agosto de 2018

ORAÇÃO DO ARCANJO MIGUEL

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“Eu apelo ao Cristo para acalmar meus medos e para apagar todo o mecanismo de controle externo que possa interferir com esta cura. Eu peço ao meu Eu Superior que feche a minha aura e estabeleça um canal Crístico para os propósitos da minha cura, para que só as energias Crísticas possam fluir até mim. Não se poderá fazer outro uso deste canal que não seja para o fluxo de energias Divinas.”

“Agora apelo ao Arcanjo Miguel da 13a Dimensão que sele e proteja completamente esta sagrada experiência. Agora apelo ao Círculo de Segurança da l3a dimensão para que sele, proteja e aumente completamente o escudo de Miguel Arcanjo, assim como para que remova qualquer coisa que não seja de natureza Crística e que exista atualmente dentro deste campo. Agora apelo aos Mestres Ascensionados e aos nossos assistentes Crísticos para que removam e dissolvam completamente todos e cada um dos implantes e suas energias semeadas, parasitas, armas espirituais e dispositivos de limitação auto-impostos, tanto conhecidos como desconhecidos. Uma vez completado isto apelo pela completa restauração e reparação do campo de energia original, infundido com a energia dourada de Cristo”.

“Eu Sou livre! Eu Sou livre! Eu Sou livre! Eu Sou livre! Eu Sou livre! Eu Sou livre! Eu Sou livre!”

“Eu, o ser conhecido como (declare seu nome) nesta encarnação particular, por este meio revogo e renuncio a todos e cada um dos compromissos de fidelidade, votos, acordos e/ou contratos de associação que já não servem ao meu bem mais elevado, nesta vida, vidas passadas, vidas simultâneas, em todas as dimensões, períodos de tempo e localizações. Eu agora ordeno a todas as entidades (que estão ligadas com estes contratos, organizações e associações às que agora ¬renuncio) que cessem e desistam e que abandonem meu campo de energia agora e para sempre, e em forma retroativa, levando seus artefatos, dispositivos e energias semeadas.”

“Para assegurar isto, eu agora apelo ao sagrado espírito Shekinah para que seja testemunha da dissolução de todos os contratos, dispositivos e energias semeadas que não honram à Deus. Isto inclui todas as alianças que não honram à Deus como Ser Supremo. Ademais, eu peço que o Espírito Santo “testemunhe” esta liberação completa de tudo que infringe a vontade de Deus. Eu declaro isto adiante e retroativamente. E assim seja.”

“Eu agora volto a garantir minha aliança com Deus através do domínio do Cristo e a dedicar meu ser inteiro, meu ser físico, mental, emocional e espiritual à vibração de Cristo, desde este momento em diante e em retroativo. Mais ainda, dedico a minha vida, meu trabalho, tudo que penso, digo e faço, e todas as coisas que em meu ambiente ainda me servem, à vibração de Cristo também.”

“Ademais, dedico meu ser à minha própria maestria e ao caminho da ascensão, tanto do planeta como o meu. Havendo declarado tudo isto eu agora autorizo ao Cristo e ao meu próprio Ser Superior para que faça mudanças em minha vida para acomodar esta nova dedicação e peço ao Espírito Santo que testemunhe isto também. Eu declaro isto à Deus. Que seja escrito no Livro da Vida. Que assim seja. Graças a Deus.”

“Ao Universo e à Mente de Deus inteira e a cada ser Nela contido, a todos os lugares onde tenha estado, experiências das quais tenha participado e a todos os seres que necessitam desta cura, sejam conhecidos ou desconhecidos de mim, qualquer coisa que se mantenha entre nós, eu agora curo e perdoo. Eu agora apelo ao Santo Espírito Shekinah, ao Senhor Metatron, ao Senhor Maitreya e a Saint Germain para que ajudem e testemunhem esta cura. Eu os perdoo por tudo o que necessite ser perdoado entre vocês e eu. Eu lhes peço que me perdoem, por tudo que necessite ser perdoado entre vocês e eu. O mais importante, eu me perdoo a mim mesmo, por tudo o que necessite ser perdoado entre minhas encarnações passadas e o meu Ser Superior.”

“Estamos agora coletivamente curados e perdoados, curados e perdoados, curados e perdoados. Todos estamos agora elevados a-nossos seres Crísticos. Nós estamos plenos e rodeados com o amor dourado de Cristo. Nós estamos plenos e rodeados da dourada luz de Cristo. Nós somos livres de todas as vibrações de terceira e quarta vibrações de dor, medo e ira. Todos os portões e laços psíquicos unidos a estas entidades, dispositivos implantados, contratos ou energias semeadas, estão agora liberados e curados. Eu agora apelo a Saint Germain para que transmute e retifique com a Chama Violeta todas as minhas energias que me foram tiradas e as retome a mim agora em seu estado purificado”.

“Uma vez que estas energias regressaram a mim, eu peço que estes canais através do quais se drenava a minha energia, sejam dissolvidos completamente. Eu peço ao Senhor Metatron que nos libere das cadeias da dualidade. Eu peço que o selo do Domínio do Cristo seja colocado sobre mim. Eu peço ao Espírito Santo que testemunhe que isto se cumpre. E assim é.”

“Eu agora peço ao Cristo que esteja comigo e cure minhas feridas e cicatrizes. Eu também peço ao Arcanjo Miguel que me marque com seu selo, que eu seja protegido (a) para sempre das influências que m impedem de fazer a vontade do Nosso Criador.”

“E assim seja! Eu dou graças a Deus, aos mestres Ascensionados, ao comando Ashtar Sheran, aos Anjos e Arcanjos e todos os demais que têm participado nesta cura e elevação contínuo do meu ser. Sela! 
Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus do universo! 
Kodoish, Kodoish, Kodoish, Adonai Tsebayoth!”


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ORAÇÃO DO ARCANJO MIGUEL PARA LIMPEZA ESPIRITUAL EM 21 DIAS






Arcanjo Miguel psicografado por Greg Mize: https://www.selfgrowth.com


Oração e Video by:  http://www.wemystic.com.br/

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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Sintaxe I e II

Sintaxe

Um homem contemplando suas equações
disse que o universo teve um começo.
Existiu uma explosão, disse ele.
Um senhor estrondo, e nasceu o universo.
E o universo ainda está em expansão, disse ele.
Ele calculou até mesmo a duração de sua vida:
dez bilhões de revoluções da Terra ao redor do sol.
Todo o globo aplaudiu;
Acharam tais cálculos cientificamente certos.
Ninguém percebeu que, propondo um início para o universo,
o homem simplesmente refletiu a sintaxe de sua língua pátria;
uma sintaxe que exige começos, como um nascimento,
e desenvolvimento, como maturação,
e um final, como a morte, para a realização de qualquer evento.
O universo teve um início,
e está envelhecendo, garantiu-nos tal homem,
e ele irá morrer, já que tudo morre,
como ele mesmo morreu depois de confirmar matematicamente
a sintaxe de sua língua pátria.


Sintaxe II

O universo teve realmente um começo?
A teoria do “big-bang” é realmente correta?
Essas não são perguntas, embora pareçam ser.
A sintaxe que exige começo, desenvolvimento
e término para a descrição de fatos é realmente a única que existe?
Essa é a questão real.
Existem outras sintaxes.
Existe uma, por exemplo, que indica a variação
de intensidade como um fato.
Nessa sintaxe nada tem um começo ou um fim;
desse modo, o nascimento não é algo claro e definido,
mas um tipo específico de intensidade,
do mesmo modo que o amadurecimento e a morte.
Um homem que use tal sintaxe, contemplando suas equações, descobre que
calculou suficientes variações de intensidade
e pode então dizer com autoridade
que o universo não teve um início
e não terá um fim,
mas que ele sempre existiu, existe e existirá
através de intermináveis flutuações de intensidade.
Tal homem pode muito bem concluir que o próprio universo
é a carruagem da intensidade
e que é possível abordá-la
para viajar por caminhos que modificam-se incessantemente.
Ele irá descobrir tudo isso, e muito mais,
talvez sem nunca perceber
que está simplesmente confirmando
a sintaxe de sua língua pátria.

Carlos Castañeda, "O LADO ATIVO DO INFINITO" 

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"Por as Palavras a Andar" - O Caminho da Beleza


Diz a sabedoria indígena

que quando não cumprimos aquilo que prometemos, 

o fio de nossa ação 

que deveria estar concluída e amarrada em algum lugar 

fica solto ao nosso lado.


Com o passar do tempo, 

os fios soltos enrolam-se em nossos pés 

e impedem que caminhemos livremente. 

Ficamos amarrados às nossas próprias palavras.


Por isso os nativos têm o costume de: 

"por as palavras a andar". 

Isso significa agir de acordo com o que se fala.

Conduz à integridade entre o pensar, o sentir 

e o agir no mundo 

e nos conduz ao Caminho da Beleza 

onde há harmonia e prosperidade naturais.








sábado, 21 de julho de 2018

poesias e ilustrações de Rupi Kaur








 
“nossas costas

contam histórias

que nenhum livro

tem lombada

para carregar

– mulheres de cor”.































poesias de Rupi Kaur, poeta indiana que mora no Canadá. Chegou ao Brasil o seu primeiro livro, intitulado Outros Jeitos de Usar a Boca.  



“quero pedir desculpa a todas as mulheres

que descrevi como bonitas

antes de dizer que eram inteligentes ou corajosas

fico triste por ter falado como se

algo tão simples como aquilo que nasceu com você

fosse o seu maior orgulho quando seu

espírito já despedaçou montanhas

de agora em diante vou dizer coisas como

você é forte ou você é incrível

não porque eu não te ache bonita

mas porque você é muito mais do que isso”

Rupi Kaur



A EVOLUÇÃO DA FORMA - Poesia de Rumi




Toda forma que vês


tem seu arquétipo no mundo sem­lugar.


Se a forma esvanece, não importa,


permanece o original.


As belas figuras que vistes


as sábias palavras que escutaste,


não te entristeças se pereceram


Enquanto a fonte é abundante,


o rio dá água sem cessar.


Por que te lamentas se nenhum dos dois se detém?


A alma é a fonte,


e as coisas criadas, os rios.


Enquanto a fonte jorra, correm os rios.


Tira da cabeça todo o pesar


e sorve aos borbotões a água deste rio.


Que a água não seca, ela não tem fim.


Desde que chegaste ao mundo do ser,


uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.


Primeiro, foste mineral;


depois, te tornaste planta,


e mais tarde, animal.


Como pode ser isto segredo para ti?


Finalmente foste feito homem,


com conhecimento, razão e fé.


Contempla teu corpo – um punhado de pó –


vê quão perfeito se tornou!


Quando tiveres cumprido tua jornada,


decerto hás de regressar como anjo;


depois disso, terás terminado de vez com a terra,


e tua estação há de ser o céu.


Passa de novo pela vida angelical,


entra naquele oceano,


e que tua gota se torne mar,


cem vezes maior que o Mar de Oman.


Abandona este filho que chamas corpo


e diz sempre “Um” com toda a alma.


Se teu corpo envelhece, que importa?


Ainda é fresca tua alma.


Rumi

Poesias Sufi

terça-feira, 3 de julho de 2018

Paciência - Lenine


Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora, vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo e normal
Eu finjo ter paciência

O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência

Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo para perder
E quem quer saber
A vida é tão rara tão rara

Mesmo quanto tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei a vida não pára a vida não pára não

Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esses tempo pra perder
E quem quer saber

A vida é tão rara
Tão rara
Tão rara

A vida é tão rara

******
Compositores: Carlos Eduardo Carneiro De Albuquerque Falcao / Oswaldo Lenine Macedo Pimentel
Letra de Paciência © Universal Music Publishing Group
Artista: Lenine
Álbum: Na Pressão
Data de lançamento: 1999

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Te desejo vida - Flavia Wenceslau



Eu te desejo vida, longa vida
Te desejo a sorte de tudo que é bom
De toda alegria, ter a companhia
Colorindo a estrada em seu mais belo tom

Eu te desejo a chuva na varanda
Molhando a roseira pra desabrochar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar

Eu te desejo a paz de uma andorinha
No voo perfeito contemplando o mar
E que a fé movedora de qualquer montanha
Te renove sempre e te faça sonhar

Mas se vier as horas de melancolia
Que a lua tão meiga venha te afagar
E que a mais doce estrela seja tua guia
Como mãe singela a te orientar

Eu te desejo mais que mil amigos
A poesia que todo poeta esperou
Coração de menino cheio de esperança
Voz de pai amigo e olhar de avô

quarta-feira, 6 de junho de 2018

O Amor

O amor nao prende 
O amor é elo
Nao é corrente

Amor não é gaiola
Amor é liberdade 
Nele há toda a imensidão 
Nele nao há grade

O amor é lindo
O amor nao causa DOR
Se você sofre por ele
Ja deixou de ser Amor

Reveja esse sentimento 
Não sofra por essa dor
Tem um mundo inteiro la fora 
Querendo te mostrar o AMOR

O amor esta por ai 
Nas coisas simples do dia a dia
Não naquela pessoa que nem ao menos te da bom dia

O amor esta em você 
Nunca deixe na mao de ninguém 
Pois se um dia a pessoa partir 
E leva-lo com ela também 
Você ficara mal
Voce ficará doente
Porque sem amor na vida
O que sobra pra gente?

Então se faça amor
Se ame em primeiro lugar
E todo aquele que vier
Na sua vida entrar 
Vai ser uma linda história de amor 
Até o dia que durar

Lucky🍃✏

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, óculos de sol e texto

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Respeito - Ana Mari



Quatro pontos tem a minha religião

faço deles a minha filosofia e faço deles a minha ação

viva, creia, ame e faça,

essa também é minha oração,

viva sua filosofia, ame a sua arte
,
creia na sua religião e faça a sua parte,

mas não use sua religião pra tentar reprimir o outro,

somos sete bilhões de mentes no mundo e

querer que todo mundo creia na mesma coisa 

é no mínimo papo de louco.

Eu respeito todos que tem fé,

eu respeito todos que não a tem,

eu respeito quem crê em um Deus,

eu respeito quem não crê em ninguém.

eu gosto de que tem fé no verso,

eu gosto de quem tem fé em si mesmo,

eu gosto de quem tem fé no universo,

e eu gosto dos que anda a esmo.

um abraço pra quem é da ciência,

um abraço pra quem é de Deus,

um abraço pra quem é da arte,

e um abraço pra quem é ateu.

axé pra quem é de axé, amém pra quem é de amém,

blessed pra quem é de magia,

e amor pra quem é do bem.

intolerância religiosa é a própria contradição,

religião vem do latim religare que significa união,

então pare de dividir o mundo 

entre os que vão e os que não vão para o paraíso,

o nosso mundo tá doente em tudo 

enquanto nos perdemos tempo brigando por isso,

ao invés de dividir as religiões 

entre as que são do mal e as que são do bem,

que tal botar sua ideologia no bolso e ajudar aquele moço 

que de frio morre na rua desamparado e sem ninguém,

os grandes mestres já disseram que precisamos de união, 

então porque não fazer do respeito também uma religião.


texto by: Revista Senso


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Intensidade


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"Hoje sei quem eu sou! 

Amanhã? 

Eu me reinvento.


Borboleta por natureza, 

sou adepta à transformações. 


Minha alma tem sede 

de liberdade e ousadia.


Aprendi a não me deixar 

vencer pelo cansaço 

e sim encontrar nele 

o impulso necessário 

para as minhas vontades.


Mergulho em minhas profundezas 

e coloquei a palavra 

Intensidade 

em meu sobrenome." 



- Carol Shanti 

sábado, 28 de abril de 2018

A responsabilidade por "estar no mundo"

" Mais uma vez fui invadido por uma onda de orgulho e vaidade, e quis argumentar, dizendo que Don Juan estava errado. Fez-me sinal para me calar.

- A gente deve assumir a responsabilidade por estar num mundo fantástico- disse ele. - Estamos num mundo fantástico, sabe.

Concordei com a cabeça.

- Não estamos falando da mesma coisa- disse Don Juan.

- Para você, o mundo é fantástico porque, se não está entediado com ele, está com raiva dele. 

Para mim o mundo é fantástico porque é estupendo, assombroso, misterioso, insondável; 

meu interesse tem sido convencê-lo de que você deve assumir a responsabilidade de estar aqui, nesse mundo maravilhoso, neste deserto maravilhoso, nessa época maravilhosa. 

Queria convencê-lo de que deve fazer todos os atos contarem, já que só vai ficar aqui pouco tempo; 

na verdade, tempo de menos para presenciar todas as maravilhas desse mundo.

Insisti que ficar entediado com o mundo ou ter raiva dele fazia parte da condição humana.

- Então modifique-a - respondeu Don Juan, secamente.

- Se você não reagir a esse desafio, mais vale estar morto."

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quinta-feira, 12 de abril de 2018

Tú me quieres blanca - Revista Aluvião - Alfonsina Stoni (1892-1938) -

Tú me quieres alba,
Me quieres de espumas,
Me quieres de nácar. 
Que sea azucena
Sobre todas, casta. 
De perfume tenue. 
Corola cerrada.
Ni un rayo de luna
Filtrado me haya. 
Ni una margarita
Se diga mi hermana. 
Tú me quieres nívea,
Tú me quieres blanca,
Tú me quieres alba.
Tú que hubiste todas
Las copas a mano,
De frutos y mieles
Los labios morados. 
Tú que en el banquete
Cubierto de pámpanos
Dejaste las carnes
Festejando a Baco. 
Tú que en los jardines
Negros del Engaño
Vestido de rojo
Corriste al Estrago. 
Tú que el esqueleto 
Conservas intacto
No sé todavía
Por cuáles milagros,
Me pretendes blanca 
(Dios te lo perdone)
Me pretendes casta
(Dios te lo perdone)
¡Me pretendes alba!
Huye hacia los bosques;
Vete a la montaña;
Límpiate la boca;
Vive en las cabañas;
Toca con las manos
La tierra mojada;
Alimenta el cuerpo
Con raíz amarga;
Bebe de las rocas;
Duerme sobre escarcha;
Renueva tejidos
Con salitre y agua;
Habla con los pájaros
Y lévate al alba. 
Y cuando las carnes
Te sean tornadas,
Y cuando hayas puesto
En ellas el alma
Que por las alcobas
Se quedó enredada,
Entonces, buen hombre,
Preténdeme blanca,
Preténdeme nívea,
Preténdeme casta.
Tu me queres alva,
Me queres de espuma,
Me queres de nácar.
Que seja açucena
Sobre todas, casta.
De tênue perfume.
Corola cerrada.
Nem um raio de lua
Filtrado me haja.
Nem uma margarida
Se diga minha irmã.
Tu me queres niveal,
Tu me queres branca,
Tu me queres alva.
Tu que tiveste todas 
As copas à mão,
De frutos e méis
Os púrpuros lábios.
Tu que no banquete
Prataria de folhas
Deixaste as carnes 
Festejando a Baco.
Tu que nos jardins
Obscuros do Engano
Vestido de vermelho
Correste aos Destroços.
Tu que o esqueleto
Conservas intacto
Não sei todavia 
Por quais milagres,
Me pretendes branca
(Deus te perdoe)
Me pretendes casta
(Deus te perdoe)
Me pretendes alva!
Foge até os bosques;
Vê a montanha;
Limpa a boca;
Vive nas cabanas;
Toca com as mãos
A terra molhada;
Alimenta o corpo
Com raiz amarga;
Bebe das bicas;
Dorme ao sereno;
Renova tecidos
Com salitre e água;
Fala com os pássaros
E nasce ao amanhecer.
E quando às carnes
Retornares,
E quando colocares 
Nelas a alma
Que pelas alcovas 
Ficara perdida,
Então, bom homem,
Exija-me branca,
Exija-me niveal,
Exija-me casta.

Alfonsina Stoni (1892-1938)


*Sarita Borelli é pós-graduada em Design Editorial pelo Senac, graduada em Letras pela Universidade de São Paulo, designer, editora responsável pela Editora Gota e idealizadora da Revista Aluvião.

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